quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Um grande amigo...Saudade...

Na sombra taciturna da morte encontramos abrigo dos nossos arrependimentos,
Somos escravos do nosso próprio destino...
Companheiros de estrada, camaradas de luta, revolucionários estudantis,
Ébrios das madrugadas, o sereno era nosso lar, a sarjeta nossa escola,
Sonhos eram confessados, ao som do violão muitos amores eram exaltados,
Ao sabor do vinho muitas paixões eram esquecidas,
A cada trago do cigarro poesias se formavam...

No intervalo escolar sentíamos a leve brisa das manhãs em nossa face,
A cada festival era uma conquista, e a cada livro era um sorriso,
Nos congressos, discursos exaltados, panfletos distribuídos, a fúria contra o sistema era nosso laço...
Lágrimas, lágrimas, lágrimas. Uma pausa.

Do abraço caloroso ao gelado do túmulo, do olhar carinhoso ao choro mais inquietante...

A ti, ofereço o mais gelado dos vinhos, o mais saboroso dos tragos, a poesia de Fernando Pessoa e Álvares de Azevedo... Um abraço de despedida e a certeza que nos encontraremos no equilíbrio natural das coisas. Dizer vai com Deus à um ateu é dizer: vai em paz com a sua matéria e descanse no profundo da solidão da morte.

Descanse seu corpo Guerreiro, poeta!

“Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando a pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui! ”

Augusto dos Anjos.

2 comentários:

Di Giacomo disse...

Bonito e sincero pra caralho

Eleutherius disse...

Nossa irmão, chorei muito quando escrevi isso, e choro ateh hj quando leio e lembro dele