Na sombra taciturna da morte encontramos abrigo dos nossos arrependimentos,
Somos escravos do nosso próprio destino...
Companheiros de estrada, camaradas de luta, revolucionários estudantis,
Ébrios das madrugadas, o sereno era nosso lar, a sarjeta nossa escola,
Sonhos eram confessados, ao som do violão muitos amores eram exaltados,
Ao sabor do vinho muitas paixões eram esquecidas,
A cada trago do cigarro poesias se formavam...
No intervalo escolar sentíamos a leve brisa das manhãs em nossa face,
A cada festival era uma conquista, e a cada livro era um sorriso,
Nos congressos, discursos exaltados, panfletos distribuídos, a fúria contra o sistema era nosso laço...
Lágrimas, lágrimas, lágrimas. Uma pausa.
Do abraço caloroso ao gelado do túmulo, do olhar carinhoso ao choro mais inquietante...
A ti, ofereço o mais gelado dos vinhos, o mais saboroso dos tragos, a poesia de Fernando Pessoa e Álvares de Azevedo... Um abraço de despedida e a certeza que nos encontraremos no equilíbrio natural das coisas. Dizer vai com Deus à um ateu é dizer: vai em paz com a sua matéria e descanse no profundo da solidão da morte.
Descanse seu corpo Guerreiro, poeta!
“Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,
Voltando a pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui! ”
Augusto dos Anjos.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
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2 comentários:
Bonito e sincero pra caralho
Nossa irmão, chorei muito quando escrevi isso, e choro ateh hj quando leio e lembro dele
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